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A Associação de Natação de Coimbra foi fundada em 9 de Setembro de 1935.
“Falar na história da natação no distrito de Coimbra é falar de duas histórias diferentes. De facto, até aos anos cinquenta, havia organização de provas separada, chegando a coexistir uma Associação de Natação de Coimbra e uma Associação Figueirense de Natação.
A Figueira da Foz esteve presente, desde o início, na natação competitiva a nível nacional. Um seu atleta, António Monteiro, foi segundo classificado no primeiro campeonato de Portugal, disputado em 14 de outubro de 1906 (prova de meia milha, organizada pelo Ginásio Clube Português, no Alfeite). O grande dinamizador da modalidade foi o Ginásio Clube Figueirense. Esta tinha presença habitaul em festivais náuticos, que reuniam a vela, o remo e a natação. Desde essa época, grandes competições anuais, tinham lugar junto da foz do rio mondego. Tratava-se de provas de natação integradas em festivais internacionais de remo e de vela. Só mais tarde apareceram as promeiras piscinas: no início dos anos cinquenta, a Piscina-Praia de 33 metros e em 1972 a piscina de 25 metros coberta do GCF.
As primeiras provas de natação em coimbra terão sido realizadas em outubro de 1920. Mas foi apenas em 1934 que as coisas começaram a assumir um caracter mais sistematizado. Neste ano, em Julho, foi inaugurado o tanque de 16 metros da Associação Académica de Coimbra, no parquede Santa Cruz. Aqui começou, no fundo, a natação desportiva da cidade. Embora fora do distrito, foi também importante centro de promoção da natação a Piscina-Praia “Paraíso” inaugurada na Curia no mesmo ano. Tinha 33 metros e serviu de palco para competições nacionais e internacionais. Pontualmente, foi ainda o recurso disponível para tentar colmatar os problemas de treinos de nadadores de Coimbra.
A partir de 1935, a cidade passou a dispor de uma piscina fluvial, de 33 metros. Todos os anos, eramontada em frente à cidade uma instalação que incluía a praia fluvial e uma piscina, onde tinham lugar as provas oficiais. Embora fosse um trabalho que todos os anos se tinha que repetir, foi a piscina fluvial palco de grandes competições, em que estiveram presentes os melhores nadadores nacionais da época. Inclusivamente, por quatro vezes, aqui tiveram lugar os Campeonatos Nacionais. O seu historial está recheado de peripécias como o engano de medição que fez com que a piscina tivesse apenas 32,63 metros, em vez dos previstos 33, no ano de 1936.
A existencia de uma Associação de Natação que organizasse campeonatos regionais era fundamental para viabilizar a participação nos Nacionais. Entre outros critérios, tinham acesso os campeões regionais.
Assim, no dia 9 de Setembro de 1935, foi criada a Associação de Natação de Coimbra e esta levou a efeito os primeiros Campeonatos Regionais, logo a 22 de Setembro. Satisfeita esta condição, começaram os nadadores de coimbra a participar em Campeonatos Nacionais, tendo obtido o seu primeiro título em 1940, por Natália Veiga (AAC) nos 100 m livres.
Em 1941, inaugurou-se a primeira piscina de 50 metros da zona centro, no Luso. Embora o seu uso para a competição não fosse muito frequente, é um marco na natação de Coimbra.
Nesta fase da natação Conimbricense, vários foram os nadadores de bom nível nacional que surgiram: Manuel Gaspar, Adelino Lebre, Abílio Basto, António Teles, Luís Fidalgo, Natália Veiga (AAC); Luís Lopes da Conceição (CFSC); Ilda Raposo, Luis Franco (CFUC) ou Isabel Costa (SCC). Após 1948, com a construção da piscina municipal de 33 metros, no Calhabé, passou a cidade a dispor de um recinto permanente para a realização de provas e treinos. Como estava localizada numa zona então distante do rio, foram grandes as alterações que causou na modalidade. Em primeiro lugar, os atletas da margem esquerda, nomeadamente do clube de Futebil de Santa Clara, perderam o acesso fácil ao recinto e, aos poucos, a sua anatação acabou por ir desaparecendo. Apesar disso, correspondeu este período a uma nova fase de crescimento da natação. Na década de 50, surgem alguns novos nadadores que atingem o primeiro plano nacional, como Jorge Viegas Faria, Carlos Viegas, Margarida Frias, Elza Ferreira, Manuel Alegre (AAC), Isabel Barrué, Carlos Otão (GCF), ou Manuel Almeida (CFSC).
A natação de coimbra continuava a sobreviver com muitas dificuldades. Em finais da década de cinquenta, entra a ANC num período de decadência irreversível, que acabou por levar à sua extinção. Após um periodo em que a actividade se centrava na Figueira da Foz, a própria Associação Académica de Coimbra encerrou a actividade da natação, acabando a modalidade por praticamente morrer. Com o desaparecimento da ANC, a modalidade foi integrada na Associação de Desportos de Coimbra, em 1963, onde permaneceu durante 15 anos. Na fase final da sua vigência, a Associação de Natação de Coimbra contou com a filiação da Associação desportiva do Fundão, por esta não ter associação distrital própria.
Aos poucos, as coisas começam a mudar nos finais da década de sessenta. As primeiras sementes foram lançadas pela AAC, com a contratação de Luís Lopes da Conceição para seu treinador. O clube proporcionou-lhe a participação em cursos e estágios em espanha, assegurando-lhe uma formação com outro nível. Apesar das condições de trabalho, serem muito limitadoras, as novas metadologias aplicadas começaram a proporcionar resultados a nível nacional. Foi este técnico que, durante muitos anos, serviu de introdutor em Portugal de novos conhecimentos e metodologias, através da sua ligação com o colégio de treinadores de Espanha, entidade que, na década de sessenta, fez um grande esforço para levar a natação do seu país ao nível do topo na Europa e Mundo. De todo esse trabalho beneficiou também Coimbra e, por aqui, o país. Entre os nadadores formados neste período, podemos destacar, pelos seus resultados, José Magalhães Gonçalves ou António José de Almeida.
Mas faltavam ainda as piscinas. Primeiro, foi contruida uma piscina coberta de 25 metros, em 1968 que logo no ano seguinte serviu para a realização do I Torneio Nacional de Infantis. Quando, em 1969, é contruída a Piscina Municipal de Coimbra de 25 m, coberta e aquecida, um grande desenvolvimento é dado à modalidade, até porque passa a ser possivel treinar durante todo o ano, algo que apenas acontecia no Algés.
É precisamente no início da década de setenta que se vêm a colher frutos de tal estrutura, começando a Académica a ombrear com o Sport Algés e Dafundo na disputa do ceptro nacional da natação. E esta é, sem dúvida, a década dourada da natação regional, quer no panorama nacional quer internacional. Se, por um lado, como afirmámos anteriormente, Coimbra era um dos poucos centros do país que possuia piscina todo o ano, colocando-nos num dos patamares previligiados para a prática da natação, por outro lado, com o apoio de muita gente, mas muito especialmente pela mãodo Dr. Fernando Mendes Silva, então Delegado em Coimbra da Direção Geral dos Desportos, esta cidade passou a ser piloto em termos nacionais, ao levar a natação às escolas. Era milhares de crianças que diariamente passavam pelas piscinas, primeiro municipais, depois alargadas a Santa Clara (piscina já desaparecida) e Celas (primeiro como tanque, posteriormente alargado para piscina de 25 metros). A escola de natação nacional estava decididamente fundada e enraizada na cidade de Coimbra, pelo que, pelas suas estruturas e quaro técnico de apoio, teria necessáriamente que frutificar.
O ano de 1971 marca um ponto de viragem da natação portuguesa, protagonizado pela Associação Académica: na Taça Rainha Santa, vence coletivamente o Algés, coisa que nenhum clube portugues conseguia à décadas.
Como, naturalmente, outras cidades deste país se preparavam para criar também as suas próprias estruturas desportivas, Coimbra teve necessidade de criar condições para se manter na dianteira. Isto foi conseguido de diversas formas. Em primeiro lugar, mantendo como professores no ensino da natação alguns dos melhores praticantes regionais e nacionais, que entretanto cursavam a universidade de Coimbra, como foram os casos de António José Almeida (no futuro treinador conceituado do SCP), José Sarsfield Cabral, Joaquim Fidalgo Freitas (no futuro médico da seleção Olímpica) entre outros, e que mostrou pela primeira vez ser possível cursar a Universidade e praticar a modalidade. Importa aqui referir que a exigência de treino na altura, não era, de forma alguma, comparável com os dias de hoje quer em assiduidade, em tempo disponível, ou mesmo na metodologia de trabalho. Nos vinte anos seguintes, nada se fez para assegurar a continuidade dessas condições, acabnado os atletas por abandonar a modalidade quando entravam para a Universidade, salvo raríssimas excepções como foram os casos de Jorge Miguéis ou Álvaro Melo.
Posteriormente, e porque o modelo parecia esgotar-se (acabados os cursos universitários outras opções se proporiam naturalmente) o mesmo Dr. Mendes Silva, com uma visão futurista, cria o que vem a ser o primeiro Centro de Treino nacional. Convida um treinador espanhol José Pons Bargalló, são convidados alguns dos melhores nadadores regionais já consagrados ou em formação e promove o seu centro a nível nacional, convidando individualmente nomes da natação como Luís Brito Rosa (já campeão nacional no Algés), Graça Maia (já campeã nacional no SAD e GDLM) e Horácio Oliveira (já campeão nacional do CFP). Obviamente que lhes dá a oportunidade de integrarem os quadros técnicos da DGD, ou de prosseguirem os seus estudos académicos. É também nesta mais valia desportiva que se repercute o valor da natação regional durante esses anos.
Na Figueira da Foz, o outro núcleo da modalidade no distrito, a situação alterou-se radicalmente com a inauguração, em 1972, da piscina coberta e aquecida do Ginásio. Já era o clube dominante na cidade e tornou-se o único a didicar-se à natação. Logo os seus resultados começaram a refletir as novas condições de trabalho e atletas como Joaquim Pitorra ou José Martins Pereira atingiram o primeiro plano nacional.
Após o 25 de Abril de 1974, naturalmente que muitas são as alterações vividas pela população em geral e pelo desporto em particular. Poderemos afirmar, que a natação regional veio a ser muito favorecida com a situação decorrente do processo de descolonização e do momento político/social então vivido, mas muito conturbado. Foram vários os atletas das ex-colónias que então se radicaram em Coimbra, já campeões feitos e que vieram a catapultar mais uma vez o nome da natação regional para a ribalta. Nomes como Rui Abreu (a maior lenda da natação que alguma vez passou por Coimbra), Botelho de Melo (sendo estes até ao momento os dois únicos nadadores olímpicos que representavam um clube na cidade), Júlia Sobral, Maria da luz Mendes ou Dulce Gouveia, entre outros, foram essenciais nesta nova fase de afirmação. Em Coimbra, vieram reforçar a equipe do CAC, onde também se podiam contar atletas oriundos das escolas da AAC como Teresa Faria, Eugénia Cunha, Margarida Meendes Silva, ou as já consagradas Teresa Oliveira e Manuela Mendes Silva. Assim, elevou-se este clube ao primeiro plano nacional. Acresce apontar que também em termos técnicos fomos superiormente orientados por José António Sacadura, (coordenador Geral da natação no seio da DGD e treinador principal do CAC), também ele vindo de Moçambique, e alguns colaboradores que o acompanharam.
A natação de Coimbra atravessa um momento de crescimento, com a actividade a aumentar e as exig~encias organizativas a não se compadecerem com a inadequação da resposta proporcionada pela Associação de desportos de Coimbra. Após uma grave fase do enquadramento da modalidade pela ADC, os clubes resolvem assumir os destinos da natação e criam uma Comissão instaladora da Associação de Natação de Coimbra. Este processo culmina com a eleição, a 18 de Outubro de 1978, dos primeiros Corpos Sociais da ANC.
Com o novo dinamismo introduzido pela ANC, rápidamente cresceu o número de clubes e atletas filiados, ultrapassando os 400 nadadores em 1980, valor que, durante a década de oitenta, apenas foi superado em 1989. O número de clubes também aumentou, bem como o âmbito geográfico da Associação. O distrito de Leria não tinha Associação, pelo que os seus clubes tinham que optar por um dis distritos visinhos. A ANC recebeu o Clube de Natação de Alcobaça e o Desportivo Náutico da Marinha Grande. Desta forma se poderia estimular a competitividade da natação distrital, além de colaborar com os novos clubes.
Foi ainda neste período que os nadadores de Coimbra começaram a participar, a nível de seleção, ma Liga Galaico-Lusitana, com atletas de Aveiro, Porto e diversos centros da Galiza.
Apesar de o panorama de Coimbra, em termos de piscinas, pouco se ter alterado (fechou Santa Clara e o tanque de Celas foi alargado para 25 metros), foi possível lançar um novo ciclo de desenvolvimento regional. Infelizmente, foi Sol de pouca dura. Depois de passada esta fase, com o abandono natural de quantos tanto haviam feito pelo desenvolvimento da natação regional, aliado aos problemas de infra estruturas que diminuiram passando por modelos menos apoiados e consentâneos com o momento, a natação regional na dácada de oitenta veio a sofrer um rombo profundo, com esporádicas aparições no panorama nacional. A título de curiosidade, mas para que se possa comparar, poderemos afirmar que no início da década de noventa a representação regional nos Campeonatos Absolutos de Portugal se resumia a dois clubes e 4 atletas, que se quedavam invariavelmente pelas eliminatórias. Era este o estado, em termos absolutos, que herdámos da situação vivida na década de oitenta.
A década de noventa foi o alicerçar de novas metodologias de trabalho, de estruturação dos clubes, de adaptação aos novos sinais dos tempos, enfim de uma aproximação aos modelos vigentes de maior sucesso no âmbito nacional, que obrigaram a operacionalizações mais sistemáticas, mais ponderadas, com equipes técnicas mais numerosas e mais profissionais. Este modelo voltou a trazer frutos no rendimento desportivo durante a década de noventa, inicialmente em escalões etários mais novos, mas na segunda metade da década, já em termos absolutos, atingindo novamente, ainda que com um menor número de atletas, o topo da natação nacional. São disso exemplo recente, quer como elementos da Seleção Nacional Absoluta, como campeões nacionais absolutos, ou mesmo recordistas, entre outros, os atletas Alexandre Gonçalves, Ana Tsukagoshi, Ana Russo, João Tsukagoshi, Patrícia Silva, Helder Lopes ou Hugo Gonzalez. Nunca antes tivéramos tantos atletas universitários ainda no topo da natação nacional como nessa altura.
Na actualidade, apesar de os resultados desportivos terem voltado a um nível razoável em termos nacionais,e o número de piscinas e clubes do distrito se terem ampliado bastante, os tempos são de incerteza. Os apoios oficiais continuam a diminuir sistematicamente, o Euro 2004 lançou grandes ameaças sobre as piscinas Municipais de Coimbra, o projecto de nova piscina do Ginásio Figeuirense aguarda melhores tempos. Promessas recentes da Câmara Municipal de Coimbra permitem alguma esperança, mas forçosamente mitigada.” [1]
[1] Retirado do livro “1935 . 2003 campeonatos regionais de natação de Coimbra”
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